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Eu não sei porque sou assim mas, na verdade, irrito-me um pouco quando as pessoas chegam atrasadas. Seja para o que for, uma reunião, um almoço, um encontro...

E acontece que, normalmente, não têm qualquer justificação plausível. É sempre do género "eh pá, desculpa lá, atrasei-me um bocadinho, não pude vir mais cedo, sabes como é..." e, então, ainda mais me irrito. Por vezes, com aqueles que são sistemáticos nos atrasos, gostava de ser capaz de me ir embora 5 minutos antes da hora para os deixar "pendurados". Mas não sou suficientemente mauzinho para isso. Mas lá que me irrita, irrita!!

E sorrri-me despudoradamente quando li que o nosso PM, juntamente com os seus acompanhantes, chegou cerca de meia-hora atrasado à ópera Crioulo, com o CCB cheio de gente, certamente na sua maioria pagantes do seu bilhete, esperando, à seca, pela chegada de S. Exªs. Sorri, porque desta vez não foi comigo.

Considero isto uma falta de consideração, um abuso de poder, porque não há ninguém que possa devolver àquelas pessoas o tempo que ali estiveram, confortavelmente sentadas certamente, mas sem poderem usufruir desse mesmo tempo em proveito delas próprias, como é de direito, porque esses minutos pertencem só e apenas a cada uma delas. Decerto, se pudessem escolher, não os gastariam a ficar sentadas à espera de nada. Na verdade, o banco do tempo não tem volta a dar. Depois de gasto, não regressa. "Jamé", mas jamais mesmo!

Em segundo lugar, também considero que houve muita deferência, para não dizer servilismo, não sei da parte de quem, ao protelar o início do espectáculo até à chegada dos atrasados. Não dá para entender. Tenho muita pena que todos os pagantes não se tivessem levantado e saído porta fora, direito às bilheteiras, exigindo de volta o dinheirito dos bilhetes, desejando um bom espectáculo aos retardados na sua chegada.

Este é, digamos assim, um pequeno abuso, mas, se não nos manifestamos nestas alturas, a seguir virá o médio abuso, e, quando dermos conta, já vamos no grande abuso a caminho do XXL do dito como, se calhar, se passará já. Isto, se o Sindicato dos Magistrados tem razão ao dizer o que disse sobre pressões que estarão a ser exercidas, assim como outros aspectos que vêm bem expressos neste
artigo de opinião, com várias perguntas interessantes. Dêm uma leitura que vale a pena.

E, a seguir vos deixo uma citação de Bertold Brecht que, há uns anos atrás, me fez acordar:


"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."