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Hoje chegou a minha vez de falar de irritações. Então não é que abri o Público e dei de caras com a notícia que o suplemento da condição militar ia passar de 14,5% para 20%. Transcrevo:


"Esta medida do Governo será feita "de uma forma faseada, em dois anos", com os actuais 14,5 por cento do suplemento de condição militar a serem actualizados em Janeiro de 2009 e 2010, chegando aos 20 por cento nesse último ano. Segundo dados disponibilizados pela tutela, em 2010, sem actualizações salariais, "a valorização" deste suplemento representa, por exemplo, "mais 250 euros mensais para um coronel, 163 euros para um sargento-mor, 155 euros para um primeiro-sargento e 47 euros para um soldado"."


Bom e então quanto é que é para a função pública? 2, quê? E para os privados?



Mas porquê?



Porque um general falou em finais de Outubro? Dizia ele haver sinais preocupantes na instituição militar e que "a angústia provocada por situações de dificuldade, associada ao sentimento de que são objecto de injustiça relativamente à forma como são tratados profissionais da administração pública a que são equiparados, cuja persistência lhes parece absolutamente incompreensível, poderá conduzir a actos de desespero, capazes de gerar consequências de gravidade, que julgaríamos completamente impossíveis de voltar a acontecer. Até agora têm falado e agido os mais velhos, logo os mais conhecedores, os mais compreensivos, os mais cautelosos. Mas atenção aos jovens. Os mais jovens são os mais generosos de todos nós, mas são também os mais sensíveis a injustiças, os mais corajosos e destemidos, os mais puros nas suas intenções, os mais temerários (muitas vezes imprudentes)."



Dizia ainda mais: "Para prevenir situações de perturbação social, que podem ser muito inconvenientes, nomeadamente na forma como somos vistos pelos nossos parceiros da União Europeia e da NATO, bem como pelos membros da CPLP, torna-se da maior importância que os nossos líderes, a começar pelo Presidente da República e o primeiro-ministro, leiam com atenção os sinais que saem da instituição militar e ajam, sem demora, em conformidade. Convém não nos julgarmos blindados contra situações desagradáveis que possam vir a surgir, nem que insistamos em pensar que "acontecimentos (funestos) do passado não voltam a acontecer".



Bom, e o Presidente da República apareceu e disse que o poder político deveria atender à especificidade da carreira militar. E aí está, já começou a ser atendida! Bem rápidos foram!

Valeu, general!


Então e os outros?

As Escolas estão viradas de pantanas porque os Professores correm o risco de não conseguirem progredir na carreira, por causa das quotas, e há um apelo à serenidade mas não ouvi falar na especificidade da carreira docente nem na perda do poder compra destes profissionais.

A Função Pública, na generalidade, não tem conseguido entender-se com o Governo quanto aos aumentos salariais.

O salário mínimo é suposto subir cerca de 25 € mensais e é um ai Jesus porque é muito e as Empresas não aguentam.

O subsídio de desemprego, numa altura em que esta situação está em crescendo, sofre alterações que vêm reduzir os quantitativos a receber por quem tiver esse azar.

As comparticipações nos medicamentos têm sendo restringidas.

Quero dizer, irrito-me quando sinto que há dois pesos e duas medidas. E que a riqueza quando nasce não é para redistribuir por todos. Não é como o Sol! Até ver, pois qualquer dia a minha casa paga mais imposto que a tua porque apanha mais horas de sol!